Tipos de preconceito


Pedro Menezes
Pedro Menezes
Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação


Os preconceitos são práticas de segregação, discriminação ou intolerância. Esse pensamento pode se manifestar de diferentes maneiras, de acordo com as ideias que os fundamentam.

1. Racismo: preconceito racial

O preconceito racial é um preconceito baseado na etnia. O preconceito racial é fundamentada numa ideia de superioridade de uma raça em relação a outra. Esse pensamento é chamado de etnocentrismo, pensamento baseado na ideia há um grupo tomado como sendo o normal enquanto os outros grupos são considerados como inferiores ou inadequados.

Assim, o preconceito racial está ligado diretamente à intolerância e discriminação por causa da cor da pele, etnia ou a ascendência de uma pessoa.

No Brasil, o autor Silvio de Almeida aponta para três concepções de racismo:

Racismo individualista

Preconceito racial que indivíduos específicos possuem e praticam. Essa concepção de racismo se manifesta através de falas e comportamentos preconceituosos por algumas pessoas;

Racismo institucional

Preconceito racial que ocorre nas instituições que privilegiam uma raça em detrimento de outra. É comum que algumas instituições, como o mercado de trabalho, exijam de seus funcionários uma “boa aparência”. Em geral, esse critério está baseado em características próprias de pessoas de um grupo social.

O racismo das instituições também pode ser percebido, por exemplo, nos casos de pessoas em que pessoas são acusadas de crimes com base em estereótipos atribuídos a uma raça.

Racismo estrutural

Forma de preconceito introduzido na cultura em sua totalidade. A partir dessa perspectiva, o autor afirma que tanto os indivíduos como as instituições são reflexos de uma estrutura que privilegia determinados grupos raciais.

Aquilo que é o normal da estrutura social é uma normalidade discriminatória. Isso faz com que qualquer ação que se pretenda racialmente justa e democrática só pode ser feita a partir de um esforço para a não reprodução do preconceito racial.

2. Xenofobia: preconceito cultural

A xenofobia ou preconceito cultural é o preconceito baseado na distinção entre diferentes grupos culturais. Assim como o racismo, a xenofobia também possui como princípio o etnocentrismo, mas está ligada diretamente ao território.

O termo xenofobia tem como origem duas palavras gregas: xénos que significa “estranho”, “estrangeiro” e phóbos, que significa “medo”.

Desse modo, o “medo de estrangeiros”, a xenofobia, é o preconceito contra pessoas de outros lugares. Esse preconceito se manifesta através da ideia de que pessoas estranhas ao grupo existente em determinado local não são bem-vindas. Assim, seus comportamentos ou modos de vida não são compreendidos, ou aceitos.

3. Preconceito social

O preconceito social ou preconceito de classe é a discriminação fundamentada na capacidade econômica, nos padrões de consumo e nos modos de vida ligados às classes sociais.

No preconceito social, a pessoa é reconhecida a partir de seu poder aquisitivo. Assim, o modo de vida da classe mais favorecida é reconhecido como sendo o padrão, levando os outros indivíduos a tentarem se adequar a esse modelo.

As marcas culturais e os hábitos das classes favorecidas são compreendidos como superiores aos conhecimentos e os modos de vida populares.

4. Preconceito linguístico

O preconceito linguístico é baseado nas diferenças existentes entre um mesmo idioma. Esse tipo de preconceito elege um modo de apropriação da língua como sendo o modelo pelo qual todos os falantes devem se adequar.

Isso impede a criação de regionalismos e as apropriações de grupos sociais fazem da língua. Muitas vezes, diferentes modos de falar ou escrever são alvo de invalidação, ou mesmo, de humilhação.

5. Preconceito religioso

O preconceito religioso é a discriminação baseada em um culto ou credo e manifesta-se através da chamada intolerância religiosa.

Em determinados locais, o preconceito religioso fundamenta-se na assimilação de uma única religião como sendo permitida e validada pelo Estado.

Outra possibilidade, é a intolerância com correntes ou tradições religiosas específicas que, em geral, são mal compreendidas e associadas ao mal. Nesses casos é comum que os seguidores dessas religiões sejam alvo de perseguições ou seja imposta a clandestinidade a seus cultos.

6. Capacitismo: preconceito contra pessoas com deficiência

O capacitismo é um preconceito fundamentado em uma construção social de uma ideia de corpo perfeito. Essa ideia leva à discriminação de pessoas que tenham alguma condição e que não estejam enquadradas nesse ideal.

Esse preconceito se manifesta pela falta de acessibilidade, na recusa a direitos fundamentais e na forma como a sociedade, individual ou coletivamente, trata as pessoas com deficiência.

Em geral, a ideia de normalidade instituída socialmente cria obstáculos para o modo de vida das pessoas que não estão dentro desse modelo.

Uma sociedade é considerada capacitista caso ela não crie condições para que pessoas com deficiências possam ter garantidos os seus direitos a uma cidadania plena.

Por exemplo, edifícios com acesso exclusivo por escadas impede que cadeirantes possam utilizá-los de maneira autônoma (sem auxílio). Isso fere o direito à locomoção, previsto na lei (direito de ir e vir).

Em alguns casos, essas construções abrigam serviços públicos como escolas, museus, departamentos justiça, por exemplo, o direito desses cidadãos encontra-se ainda mais limitados, sendo negado o acesso a serviços fundamentais

Em outros casos, impede-se a inclusão de pessoas com deficiência em determinados postos de trabalho ou níveis de ensino por acreditar previamente que não possuem a capacidade necessária para o seu exercício.

Veja também as diferenças entre:

Pedro Menezes
Pedro Menezes
Licenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Porto (FPCEUP).